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Mostrando postagens de março, 2011

Espumas d' Mágoas

Eu tinha um sonho Mas algo me fez acordar Levei um tapa da realidade Que afundou sem piedade O que construí aos poucos Levando ao fundo do mar Como numa linda praia Muito bela de se olhar Construía meu castelo Este seria tão belo Que então me prenderia E seria assim meu lar Foram várias tentativas Pra este ser o meu lugar Mas, em cada uma delas, Tuas ondas, mesmo belas, Me varriam todos planos Tinha de recomeçar... Mas não era assim tão fácil Para, o monte, edificar A inconsciência das ondas, A inconsequência das águas Com a força da sua cólera Sempre o tentava moldar Eu ainda persistia E tentava me esforçar Eu sentia os meus medos Escorrendo pelos dedos Com areia em minhas mãos Tentei tanto acertar As ondas continuaram Com o mar a balançar Mas o que me massacrava, A venda que me cegava, Foi levada com o vento E voltei a enxergar Hoje, enxergo uma luz Uma voz sempre a clamar: “Se o vento está mudando E, tuas águas, retornando, Por que então

Mil beijos

Não me beije Da boca pra fora Pois chegou a hora De me encarar Não me deixe Sonhando, ir embora Com olho que chora Pois vou acordar Não despeje Beleza que aflora Em mim, que namora O teu encantar Não deseje Que eu caia agora Em mim, 'inda mora O teu balançar Não fraqueje Tão como outrora Pois hoje vigora O meu desejar

A ninar

Você veio Me embalando Me puseste no colo Em teu seio Sou, mamando Tu me afagas sempre que choro O meu sono vai chegando Com o teu canto a ouvir Meus olhinhos, vou fechando Nos teus braços quero dormir

Partilha

Divide o ar Divide o coração Divide o calor Divide a emoção Partilham-me um pouco Do teu alimento Me dando sustento Por este momento Compartilha o amor Um amor diferente Um amor tão intenso Um amor tão valente Falando comigo Eu te imagino Oh linda mamãe Eu sou teu menino

Longos nove

Tanto tempo esperando Demorei. Sou-me aqui O meu choro, pranteando O teu rosto, faz sorrir Eu te fiz desejar Te deixei enjoada Eu te fiz engordar Afundei tua pegada Estivera tão lenta Com meu peso a carregar E com dor violenta Me trouxeste ao ar Doloroso caminho Pesaroso, por vezes Sou-te grato, com carinho Pelos longos nove meses

Singela donzela

O teu olhar brilhante Me agarra, cativante Me esmaga, tão singelo Que no fundo do meu ser Meu sonhar, tão triunfante Trava comigo um duelo Pra saber quem vai te ter Eu te vejo radiante Uma visão tão excitante Um sorriso assim, tão belo Que me afoga, sem querer Mesmo que, de tão distante Lá da torre do castelo Meu olhar não a possa ver Eu te quero neste instante Ó donzela fascinante Por tão quanto já te velo Tento tanto te entender Ao olhar-me, cintilante Nos meus lábios, já te selo Hoje, eu quero te viver

Para sempre teu

Parecia ser somente um garoto Que não gostava de viver Pois a vida não lhe sorria. Pensava ser um mero aborto, Talvez um erro que veio a nascer. Então... Viver, à pena, não valia. Fez-se então um homem roto, Com seu rosto a esconder Por trás de uma máscara sombria. Caminhava então tão torto, Quando uma luz veio a aparecer Em sua vida tão vazia. No início, um conforto Que fez seu peito aquecer. Era tudo o que queria. Foi tirado do fundo do esgoto E assim lavou todo seu ser. Porém, ainda assim, ele fedia. Encontrou nesta, seu cais de porto E tudo o que pôde oferecer Arrancou em agonia. Para ela então fez-se absorto Mas esta, nunca a responder, O acordou da fantasia. Descobriu assim que estava morto Pois, em seu peito, a bater Um coração não mais havia.